A sexta derrota em eleições para prefeito de Feira - a quinta para José Ronaldo - parece ter mexido com o deputado federal Zé Neto. Em recente entrevista ao jornal A Tarde, o petista, de forma surpreendente, reconheceu que é o momento de fomentar o desenvolvimento de novas lideranças no campo da oposição.
Vinda de Zé Neto, a declaração é, não apenas surpreendente, mas muito difícil de ser levada a sério. O deputado é conhecido por não ter boa relação com aliados, principalmente dentro do próprio PT.
A lista de políticos pisoteados pelo hexa derrotado Zé Neto é extensa: Pablo Roberto, Marialvo Barreto, Beldes Ramos, Carlos Geilson, Alberto Nery, Angelo Almeida, dentre outros com menos musculatura política.
Apesar de ter sido rejeitado pelo povo feirense pela sexta vez, na mesma entrevista ao A Tarde, Zé Neto não descarta mais uma candidatura a prefeito de Feira, em 2028. “Eu faço politica por missão e gosto. Tenho satisfação grande por fazer política. Eu sou soldado do meu time. Eu fui escolhido por unanimidade pelo meu partido nas duas últimas eleições. O nosso grupo evoluiu, reunimos 12 partidos, então não é só Zé Neto que vai decidir”, disse.
Mas não é bem assim. O deputado esqueceu de dizer que ele enfiou o próprio nome goela abaixo do partido em Feira de Santana nas últimas eleições para prefeito. Manobrou, junto com o senador Wagner, para sufocar o PED, processo eleitoral interno do PT que indicava, através de eleição direta, o nome do preferido do partido para disputar a eleição de prefeito. A derrota para Sérgio Carneiro, em 2008, deixou sequelas em Zé Neto.
Como boa parte dos integrantes da cúpula do partido em Feira ou está empregada ou tem indicações acolhidas por Zé Neto trabalhando nos órgãos estaduais na cidade, como o Hospital Clériston Andrade, por exemplo, não foi difícil para o deputado ser "aclamado" candidato a prefeito, sem disputa interna.
Manda, quem pode; obedece, quem tem juízo.