“Rei morto, rei posto”. Essa frase é o terror de 10 entre 10 políticos no Brasil, com alguma margem de erro para evitar o generalismo. Na teoria, é uma coisa, mas na prática, poucos entendem que ter um cargo eletivo é diferente de ser o cargo. Ninguém é prefeito ou deputado permanentemente; todos estão sendo prefeitos ou deputados, e essa trajetória tem começo, meio e fim.
Como já mencionei aqui na coluna, o processo eleitoral brasileiro fomenta o carreirismo político. Mas, como diz a música, "todo carnaval tem seu fim". Como se desapegar da cadeira, da caneta e dos holofotes para alçar novos pleitos ou até sair de cena com capital político?
Como sempre digo, "política é timing". Então, como saber o momento certo de mudar de direção e recalcular a rota para garantir que esse voo tenha o resultado esperado, gerando uma projeção de imagem e não um pouso de emergência? Quantos outrora "todo-poderosos chefões"hoje estão reduzidos a um recall imaginário? Verdadeiros impérios que vimos ruir diante dos nossos olhos, tudo isso muito em função de uma comunicação mal estruturada e de uma imagem que perdeu força diante da implacável ação do tempo.
O eleitor é ingrato, e isso não é chavão de político derrotado. O povo quer votar em quem tem chance de ganhar, em quem pode galgar novos espaços. Esse fenômeno é conhecido como "efeito bandwagon" ou "efeito de onda", que descreve o comportamento eleitoral em que os eleitores tendem a apoiar um candidato que parece ter maior chance de vencer, muitas vezes porque acreditam que ele já tem uma liderança consolidada ou está se destacando nas pesquisas.
Nesse cenário, como prefeitos reeleitos ou prefeitos que já completaram o seu ciclo de oito anos podem se viabilizar para disputar uma vaga no Legislativo em 2026? Essa matemática não é nada simples ou lógica. Na grande maioria dos estados, o número de prefeituras é maior do que o número de cadeiras na Assembleia Legislativa e no Congresso. Aqui na Bahia, por exemplo, temos 417 municípios e apenas 63 vagas na ALBA (Assembleia Legislativa da Bahia) e 39 cadeiras na Câmara dos Deputados. Cadeiras essas que serão majoritariamente ocupadas por deputados carreiristas, ou seja, com pouco espaço para renovação.
Muitas vezes, um político tem uma grande força na cidade, foi eleito e reeleito, mas o tamanho do colégio eleitoral não é suficiente para transformá-lo em deputado. E fazer um sucessor nem sempre é sinal de continuidade no poder. Afinal, "rei morto, rei posto", e um político sem mandato pode ser deixado para trás, pois os acordos feitos durante a eleição podem não ser cumpridos durante o mandato.
Se você perdeu essa cadeira, não se desespere. Agora é hora de pavimentar essa nova caminhada, construir a viabilidade de uma pré-campanha e desenvolver uma estratégia de campanha com a dimensão de uma majoritária. Isso consolidará sua imagem na cidade, ao mesmo tempo em que projetará uma liderança regional, sustentada por uma narrativa forte que fortaleça o seu projeto político. Isso permitirá que você chegue às urnas de maneira competitiva, sem deixar a coroa cair. Afinal, na política e na vida, todo rei pode perder a sua majestade.
E é aqui que entra a importância de uma estratégia bem estruturada. Como estrategista político, com foco em marketing eleitoral, tenho ajudado candidatos a se reposicionarem e fortalecerem suas imagens, especialmente quando enfrentam ciclos eleitorais desafiadores. Se você é um político em busca de novas oportunidades, reeleição ou está pensando em alçar voos mais altos, é essencial contar com uma consultoria especializada para não deixar sua imagem perder força ao longo do tempo.
Um político bem posicionado pode sim reconstruir a sua trajetória. Como, por exemplo, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que, após uma campanha inexpressiva em 2018, retornou à cena política com novo fôlego e relevância nacional, com a segunda cadeira mais importante do executivo.
Lembre-se: na política, o segredo não é ser eterno, mas saber quando se reinventar e dar novos passos para continuar relevante.
VICTOR LIMEIRA É JORNALISTA E ESTRATEGISTA POLÍTICO