Um cena de cortar o coração até mesmo dos mais insensíveis. Dois dias após da data em que o filho Marcelo Felipe Guerra dos Santos Rocha, jovem negro e sem antecedentes criminais morto por policiais militares, completaria 19 anos, Daniela Guerra visitou o local pela primeira vez desde que o triste episódio aconteceu.
Amparada por familiares e amigos, Daniela dava passos lentos, enquanto as lágrimas escorriam. “Até março, eu era a mulher mais feliz. Agora, eu sou apenas um corpo que respira e nada mais”, afirmou, durante manifestação realizada na segunda-feira da semana passada (23). Quando não aguentou mais caminhar, Daniela se prostrou ao chão e, exatamente, onde o sangue do seu filho foi derramado, ajoelhou e orou.
Nas mãos, um cartaz que revelava toda a sua indignação contra a narrativa construída pelos policiais envolvidos na perseguição ao jovem, que desviou de uma blitz por não possuir CNH: “Não existe confronto quando só um lado atira”. Na versão policial, policiais afirmaram que o jovem não obedeceu à ordem de parada e teria atentado, primeiro, contra a guarnição, que revidou. A chamada troca de tiros com a polícia, justificativa para milhares de assssinatos "oficiais".
Para os PMs envolvidos, foi apenas mais uma morte em decorrência do “auto de resistência”. Para a mãe, familiares e amigos, não resta dúvidas que foi “irresponsabilidade, despreparo, assassinato". "Eles mataram meu filho, acabaram com a minha vida e destruíram toda a minha família e estão usando como álibi a troca de tiros pra justificarem o que fizeram”, desabafou a mãe.
Nas redes sociais a hastag #justiçapormarcelinho ganha cada vez mais adeptos e se espalha em uma corrente de indignação, exigindo apuração justa dos fatos e que os culpados sejam punidos.
Em virtude da repercussão do caso, uma internauta, inspirada no filósofo francês Barão de Montesquieu, cuja obra serviu de base para a redação da Constituição do Brasil, escreveu: “A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos. #justiçapormarcelinho”.