Targino Machado: sexo banalizado na avenida, o verdadeiro apocalipse do Carnaval

Os carnavais já não têm confetes, serpentinas e lança perfumes. Eu, pessoalmente, ia para a avenida para ver a beleza da festa, atraído pelo show das bandas, nos trios elétricos e fora deles, além das fantasias, das mulheres bonitas e boas músicas. Acabaram com boa parte dos encantos carnavalescos.

Baby Consuelo, grande puxadora de trios elétricos, pregando na avenida, na madrugada, disse que todos se preparassem, pois o apocalipse está em curso e foi rebatida por Ivete Sangalo, com a música “Vamos macetar”. 
As duas têm certa razão. O apocalipse está em curso, não da forma descrita por Baby, mas de forma enviezada com a espetacularização de atos explícitos de sexo em plena avenida, especialmente aqueles homossexuais. Nada contra os atos sexuais, independente da  sua natureza, mas contra a banalização deles como afronta a todos no meio da rua, como forma de agressão à sociedade.

A Ivete, também tem razão ao interpelar a Baby, quando chama o povo para “macetar”, sem sequer saber o que significa esse verbo: machucar com um macete ou martelo de cabo curto. 

Os carnavais mudam o sentido de tudo, mas nesse derradeiro exemplo, deu continuidade ao fim do mundo, pois me recordo, em tempos pretéritos, para tornar os machos estéreis, fossem eles cães, gatos, carneiros, bodes e bovinos, utilizava-mos de um macete ou martelo e “macetávamos” os testiculos dos bichinhos, sobre um cepo, para, sem nenhuma técnica ou piedade, castra-los.

Eis aí as histórias antigas e recentes se encontrando nos carnavais, sem tantas belezas, beldades e musicalidade, mas plenos de castrações morais, talvez, a preparar o apocalipse, senão de fato, mas ético e moral. Deus me livre dessas avenidas. 
Como sempre fui folião, hoje matarei as saudades assistindo os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, apreciando o espetáculo de luxo e beleza, livre, ao menos por enquanto, da banalização dos atos mais adequados às alcovas, essas mais adequadas na intimidade das quatro paredes.

Pois é. Quem ler esse texto há de me chamar de velho cafona, retrógrado e irascível. Muito embora eu possa concordar com o adjetivos a mim atribuídos, nessa circunstância, creia, continuarei na lembrança, com os velhos carnavais de Colombinas e Pierrôs!
Essa é só a minha opinião, com integral respeito às opiniões divergentes, pois a beleza do mundo está ancorada na diversidade de pensar.
Feliz Carnaval

(Texto do médico e ex-deputado Targino Machado)