A secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Neinha Bastos, realizou uma visita técnica ao Conjunto Penal Feminino de Feira de Santana e revelou preocupação com o cenário de abandono enfrentado por mulheres privadas de liberdade. Segundo ela, muitas das internas são deixadas à própria sorte por companheiros e familiares, além de haver uma grande diferença no número de visitas íntimas em comparação com os homens.
A visita teve como objetivo conhecer de perto a realidade das detentas e discutir estratégias para ampliar políticas públicas voltadas à promoção da dignidade e da saúde feminina no sistema prisional.
“O que mais me impactou foi perceber o abandono por parte dos parceiros — maridos e namorados que simplesmente desaparecem quando elas são presas. Essas mulheres ficam isoladas, sem visitas e sem apoio emocional”, lamentou Neinha Bastos.
De acordo com a secretária, o contraste entre as unidades masculina e feminina é evidente.
Enquanto mais de 2 mil homens têm acesso regular às visitas íntimas, as cerca de 200 mulheres custodiadas em Feira de Santana recebem essas visitas em número mínimo.
A desigualdade motivou a secretária a buscar medidas para compreender as causas desse abandono e formular políticas públicas que minimizem o sofrimento das presas.
“Queremos entender o que leva essas mulheres a serem deixadas para trás e como o poder público pode agir para garantir a elas o mínimo de acolhimento e respeito”, acrescentou.
A visita também marcou o início das ações do Outubro Rosa dentro da unidade prisional, com foco na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de mama e do colo do útero. A Secretaria da Mulher pretende promover a realização de exames e ampliar o acesso à saúde feminina entre as detentas.
“O Outubro Rosa é um momento simbólico, mas a nossa luta vai além desse mês. Precisamos assegurar o direito à saúde, independentemente de onde a mulher esteja. Levar dignidade é parte do nosso compromisso”, afirmou Bastos.
A secretária explicou que, atualmente, o atendimento médico dentro do presídio é restrito a casos clínicos e emergenciais, o que dificulta o acesso a exames mais específicos, como mamografias, ultrassonografias e preventivos ginecológicos. A necessidade de escolta torna o deslocamento das internas para hospitais e clínicas externas um grande desafio.
“Muitas vezes, essas mulheres deixam de realizar exames importantes simplesmente porque não há estrutura para levá-las. Estamos buscando parcerias para mudar essa realidade”, destacou.
Ao final da visita, Neinha Bastos fez uma reflexão sobre justiça e empatia diante de histórias dramáticas de algumas internas. Citou, por exemplo, o caso de uma mulher presa após reagir contra o companheiro que teria abusado da filha.
“Toda mãe agiria para proteger o próprio filho. Nosso papel é garantir que os direitos das mulheres sejam respeitados — estejam elas dentro ou fora do sistema prisional”, concluiu.
(Informações e fotos de Denivaldo Costa – Rádio Subaé / Blog Central de Polícia)